Sou a mais nova de uma família de quatro filhos e quando decidi fazer Medicina, eu já estava no último ano de Licenciatura em Biologia. Na época, minha mãe ficou bem receosa, afinal, a lógica natural seria entrar no mercado de trabalho e não voltar às cadeiras de cursinho para tentar o curso mais concorrido da minha cidade. Mesmo assim, recebi apoio total da minha família!

Eu já tinha cinco sobrinhos e justamente próximo das provas nossa caçula estava nascendo. Lembro de acordar na madrugada- exausta da carga de estudo - sonhando que minha irmã, que estava passando o "resguardo" conosco, tinha cochilado e deixado a bebê cair!

Na verdade, ela estava atenta, amamentando sozinha enquanto todos nós já tínhamos caído no sono!! Participei de todo o puerpério e primeira infância dos meus três sobrinhos mais novos (antes e durante o curso)...me sentia um pouco mãe deles, mas a empatia com as vivências (boas e ruins) das minhas irmãs e cunhada foram essenciais para que eu me identificasse não só com a Pediatria, mas principalmente com o diálogo entre aqueles que constituem a rede de apoio de toda mãe e de todo pai, seja de primeira viagem ou não.


Me formei em 2014 pela Universidade Estadual do Piauí -UESPI e depois vim para São Paulo fazer residência médica em Pediatria, pela UNISA. Adquiri experiência em Emergência e conheci chefes apaixonados pelo aleitamento materno e pelo crescimento e desenvolvimento infantil.

Me vi ainda mais apaixonada quando escolhi Endocrinologia Pediátrica e por dois anos aprofundei os conhecimentos

no Instituto da Criança- FMUSP, com foco nos distúrbios de crescimento e puberdade, diabetes mellitus tipo I, obesidade, alterações do metabolismo ósseo, tireoide e das glândulas adrenais.


Certamente, o olhar científico nos fornece um caminho seguro para orientações e suporte clínico, mas é o olhar cuidadoso e acolhedor, a escuta diária que nos faz entender que cada pessoa tem uma história e que junto de cada criança e adolescente tem uma família que precisa ser acolhida também.